7 de abril de 2007

Que trazes pra mim?

Amargo deve ser o chocolate, não a vida. Sob este lema ridículo que acabo de inventar, anuncio duas comemorações que não serão: a Páscoa e meu aniversário, ambos a serem passados na redação. Quer delícia maior que essa rima?

Pois eu conto. É um pedaço de bom caminho capaz de trazer a redenção para estes acres próximos dias. O nome do objeto do desejo é Amedei. Mulato, quase pretinho retinto, o chocolate é a arma da Itália para combater os suíços e os belgas.

O Amedei é a prova que faltava desse processo inevitável que é a frescurização do chocolate. No bom sentido, eu digo. Porque até que os primeiros chocochatos se reproduzam, os chocolates top continuarão a ser curtidos como se deve: com tesão. O resto é sexo de meias.

Só de ler a respeito do Amedei na revista Olive, da BBC, minhas papilas cantam. O chocolate italiano é feito como os melhores vinhos, com blends de grãos de cacau vindos de uma mesma região (os crus). Os deles são comprados na cidade de Chuao, na Venezuela, tida como terra sagrada dos cacaueiros. Chato que só, Hugo Chávez destina os frutos com exclusividade a Alessio e Cecilia, os donos da Amedei. Alguma aí tem.

São 12 crus diferentes, dos mais escuros - nham, nham - ao chocolates ao leite. Todos com altas concentrações de cacau, of course, my horse. O mais conhecido deles leva o nome da cidade abençoada, Chuao. Não são nada baratinhos, chocólatra amigo. Na Amazon, uma barra - sim, eu disse uma - sai a 12 dólares.

Outra diferença para os demais chocolates de grife, incluindo todos-poderosos como Godiva e Valrhona, é que a Amedei fabrica suas barras do grão ao produto final. Os outros trapaceiam: compram matéria-prima já processada para misturar e finalizar.

Os italianos, que gostam de açúcar como os brasileiros, demoraram a aceitar as barrinhas crioulas da Amedei. Quem sabe um dia os brasileiros também vejam a luz e deixem estragar na gôndola drogas pesadas como o Sensação e o chocolate Leite Moça?

Aí você me pergunta: todo esse entusiasmo vem da experiência? Não, do cinismo. Em jornalismo, são comuns práticas como o "não vi e não gostei" e "não provei, mas tudo leva a crer que é ótimo". Nunca botei a mão num desses. Então, até que você, amigo de férias na Europa, me traga uma barrinha de Amedei, minha vida seguirá amarga. E infeliz Páscoa pra você também.

4 comentários:

Fê Aldabe disse...

Gustavo,
teus textos são ótimos. Me contentei com os medíocres chocolates da serra gaúcha.

Anônimo disse...

hola

Anônimo disse...

respondeme

Anônimo disse...

I have had some of that choclate before and it is so good that you want to save some but eat it right there at the same time.