16 de junho de 2007

Teatro carioca

Cena 1: Restaurante Ateliê Culinário do Odeon BR. Fim de semana. Chego ao restaurante vazio doido por um doce. Atravesso o salão cheio de funcionários com cara de tédio e me dirijo ao caixa. Sobre o caixa um simpático quadro-negro indica as especialidades. A lista de docinhos me dá esperanças apetitosas. Chocolatemente, escolho um brownie e pago. No balcão, estendo a ficha. A atendente faz cara de perplexa. "Quem te vendeu isso? Não tem". Reclama em voz alta com a caixa, que me oferece outras opções desde que eu pague a diferença.

Cena 2: Restaurante Ateliê Culinário do Odeon BR. De novo, fim de semana. Chego ao restaurante às 19h30, estourando de fome antes de um concerto. O Centro, vazio, não me oferece opções. Sento e ninguém parece me notar. Garçons zanzam sem rumo. Até que um deles me olha e vem em minha direção sem cardápio na mão. Antes da boa-noite, avisa, seco como um biscoito de polvilho azedo: "Fecha às 20h, tá?". OK, respondo envergonhado. De menu na mão, espero e espero. Um garçonete vem em minha direção: "Fecha às 20h, tá?". Já tinha visto esse filme e não me lembrava de ter pedido a reprise. Anuncio meu pedido: uma massa. "Não, nada quente sai mais a esta hora". Hmmmm. E um sanduíche? "Posso VER se a cozinha pode fazer".


Cena 3: Restaurante Pecado. Dia dos namorados, 22h50. Chego à casa, acompanhado, antes de um casal de amigos. Tínhamos reservado a mesa para quatro, às 23h. O menu degustação era especial para a data. Encontramos as portas de vidro fechadas com um vaso na passagem para evitar a entrada. Lá fora, um banco na calçada e ninguém para informar nada. Só nos restava esperar. Às 23h10, alguém abre a porta sem um pio. Entramos e tentamos avistar o maitre. Um senhor careca apressado nos olha, pergunta pela reserva. Depois some. O lugar onde estamos, em pé, não é dos melhores para se estar. Pena que seja o único disponível. Garçons disparam ao nosso redor como um cardume de tubarões famintos. Um deles nos pede licença para passar. Finalmente seguimos para a mesa e convocamos nossas degustações. Minutos depois um gerente (?) chega com apenas dois pratos na mão. Olha para nosso grupo impaciente, esperando que alguém se manifeste. "De quem é isso?", pergunta, sem deixar claro o que "isso" significava. Explicamos que o menu era para quatro e ele vira as costas e se manda com um arranque.

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